segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Morte, Nascimento e Sacrifício.


O homem, com suas guerras históricas e cotidianas, destrói-se a sí mesmo. Vence seu adversário e impõe-lhe condições. Os vencidos, com super esforços, rompem as cadeias do opressor, libertam-se e contudo, caem no mesmo erro, cheios de ódio e vingança. Dessa vez: os algozes; que aceitaram essas lutas sangrentas como lógicas e que em seu tremendo afã de mando e de domínio vêem no poder adquirido, a oportunidade de se fazer justiça com mais "guerras" e obter assim a recompensa por seus sofrimentos - "Humilho, porquê já fui humilhado". Tudo motivado pelo grande desvario em massa, movido pela satisfação incessante de vícios, que nos promete a felicidade que jamais conquistamos, e nos encaminham ao medo. Isso se dá por não nos conhecermos a nós mesmos.

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“Conheça-te a ti mesmo” – Como neófita, é nesse ponto em comum, que estou sendo orientada e direcionada a trabalhar, pelas três ordens esotéricas e exotéricas das quais eu faço parte (Duas Discretas e uma Secreta). As práticas adotadas no curso da descoberta interior, têm por objetivo vivenciar os grandes conhecimentos que sempre estiveram velados nas Escolas de Grandes Mistérios e que eram ensinados de boca a ouvido. Essa evolução abrange três atividades em permanente ação: uma criadora, outra destruidora e outra neutra, denominadas: Morrer, Nascer e Sacrifício.


Morte - Não é a do corpo físico, senão a morte Mística, que realiza-se compreendendo e eliminando cada um de nossos defeitos psicológicos, atualmente conhecidos através dos dogmas religiosos por Pecados Capitais. Tais defeitos, também chamados "Eu Psicológico" ou "Eu Pluralizado", que é o "mim mesmo", ou como denominavam os antigos egípcios "As horríveis entidades de Seth", são as que nos deprimem, fazendo-nos sofrer, submetendo-nos a erros e vícios de toda espécie, impossibilitando-nos de realizarmos a superação interna. O "Eu Psicológico" nada tem a ver com o Íntimo, o real Ser ou Chispa Divina que reside em cada indivíduo, pois o Íntimo, ou Atman, está fora de todo egoísmo. A morte dos defeitos não é questão de fingidas mansidões, nem de poses piedosas. É fácil amordaçar as baixas paixões, quando temos compromissos sociais ou religiosos, porém de nada adianta enjaular a fera milenar, pois se a mesma, um dia escapa, desencadeia todas as suas baixas paixões, causando mais destroços do que antes.

Nascimento - Seguir revitalizando cada uma de nossas células, descobrindo e transformando, numa escala superior de vibrações, certas energias que nosso organismo produz e que a maioria da humanidade, por ignorância, mal gastam em explosões de ira e outras debilidades do caráter. Energia esta, que aprendemos a transmutar e re-inverter em nosso próprio organismo, que se constitui num verdadeiro laboratório natural.

Sacrifício - É o esforço consciente pelo bem estar de nossos semelhantes, socorrendo-os em suas necessidades conforme nossa capacidade e vontade, sem distinção, levando-lhes a luz do conhecimento.

Com esta tripla atividade, em união com seres de boa vontade através da comunhão mental, podemos lutar e trabalhar em benefício de todas as espécies, sobretudo pela família humana.

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~ SE ~

Se podes conservar o teu bom senso e a calma,

No mundo a delirar para quem o louco és tu;
Se podes crer em ti com toda a força d’alma,
Quando ninguém te crê; se vais faminto e nu,
Trilhando sem revolta um rumo solitário;
Se à torva intolerância, à negra incompreensão;
Tu podes responder subindo o teu Calvário.
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão;

Se podes dizer bem de quem te calunia;
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor,
Mas sem a afetação de um santo que oficia,
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor;
Se podes esperar sem fatigar a esperança;
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho;
Fazer do Pensamento um Arco de Aliança,
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho;

Se podes encarar com indiferença igual,
O triunfo e a derrota – eternos impostores;
Se podes ver o Bem oculto em todo o mal
E resignar, sorrindo, o amor dos teus amores;
Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega, eivadas de peçonha,
Com falsas intenções que tu jamais lhes deste;

Se podes arriscar todos os seus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado,
E calando em ti mesmo a mágoa de perderes,
Voltas a palmilhar todo o caminho andado;
Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste
Voltares ao princípio, a construir de novo;

Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar o esforço, há muito vacilante,
Quando já no teu corpo, afogado em crepúsculos,
Só existe a Vontade a comandar “Avante”!
Ou vivendo entre os reis conservas a humildade;
Se, vivendo entre o povo, és virtuoso e nobre,
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti, à luz da Eternidade;

Se quem conta contigo encontra mais que a conta;
Se podes empregar os sessenta segundos
Do minuto que passa, em obra de tal monta
Que o minute se espraie em séculos fecundos;
Então, ó Ser Sublime, o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os tempos e os espaços,
Mas, ainda para além, um novo sol rompeu,
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos;

Pairando numa esfera acima deste plano,
Sem receares jamais que os erros te retomem,
Quando já não houver em ti que seja humano,
Alegra-te, meu filho, então serás um Homem.

Rudyard Kipling


Morrer, Nascer e Sacrificar.
Namastê.

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