sábado, 31 de janeiro de 2009

Metanóia.

Entender uma postura ou atitude errada, aceitá-la (como erro) e então arrepender-se verdadeiramente, iniciando assim uma mudança de comportamento, a fim de buscar uma melhora (em si) - a conversão. Portanto, a metanóia sugere exatamente um trabalho de mudança interior, a partir do arrependimento.

O arrependimento é uma mudança interior da mente, que resulta numa mudança em ações externas. Essa mudança externa é o ato de converter-se do pecado para Deus e à justiça (se você quiser se lembrar nesse ponto, que sempre que eu falo de Deus aqui no blog, me refiro ao Deus Interior, eu ficarei muito grata). É o que sugere “ephistrepho”, onde a concretização das mudanças são manifestadas pelo físico. Esta conversão mostra justamente a mudança interior que aconteceu na mente e no espírito.

O Significado básico da palavra “arrependimento” é uma mudança de mente que resulta numa mudança exterior das ações. Ter mágoa ou pesar dos erros ou faltas cometidas. Mudar de opinião, parecer ou propósito.

Contudo, as pessoas geralmente associam o arrependimento com emoções, como derramar lágrimas e sentir-se triste por ações e pensamentos errados. Arrependimento não deve ser tratado apenas como uma emoção, mas sobretudo, como uma decisão. As emoções algumas vezes acompanham o verdadeiro arrependimento. – o dom que cita São Simeão: “O arrependimento faz jorrar lágrimas das profundezas da alma: as lágrimas purificam o coração e fazem desaparecer os grandes pecados”. - Mas é possível que uma pessoa sinta grande emoção e derrame muitas lágrimas e nunca se arrependa (verdadeiramente). Logo, que a pessoa seja acometida por um sentimento apenas de remorso, livre do verdadeiro arrependimento.
Outras pessoas associam o arrependimento com o cumprimento de exigências dogmáticas, como as “penitências”, por exemplo. Mais uma vez, é possível cumprir muitas exigências religiosas e nunca se arrepender. Nesses casos cabe mais um sentimento de absolvição, do que de arrependimento, já que as penitências são empregadas com o intuito de “apagar” o erro pela compensação.

Então, se nós queremos verdadeiramente compreender o significado de arrependimento, nós devemos compreender do quê nós devemos nos arrepender e tomar ciência das ações de uma vida vivida à parte de Deus.

A “pequena Metanóia” e a “grande Metanóia” nos permitem, com nossas praticas diárias de orações e/ou meditações, que entremos em contato com o nosso “self”, para que possamos assim, tomar ciência dessas ações erradas; entendermos e aceitarmos a importância da conversão e enfim, colocar tudo em prática, considerando a moral e a disciplina. A conseqüência disso, é o encontro com o nosso Eu superior, que é Deus em cada um. Por isso a disciplina se torna essencial nesse trabalho.

A Metanóia exige disciplina e dedicação pra que possamos praticá-la no dia à dia. E isso (o exercício) torna-se um ponto fundamental em nossa edificação. Pôr em prática tudo que foi “conversado” com o nosso “self”, respeitar e considerar nossos limites, nos permite que determinemos tudo o que deve ser mudado em nosso comportamento.

Arrepender-se verdadeiramente é o caminho para encontrar as graças de Deus e obter o seu perdão. É o caminho para a conversão que nos abrirá as portas dos céus. Essa foi a missão de Cristo: mostrar o caminho da conversão pelo arrependimento e perdoar os pecadores, para mostrar-lhes a salvação.

Assim também foi a missão dos Apóstolos de Cristo. Pregar a conversão pelo arrependimento verdadeiro e ensinar (aos homens de bom coração) que a comunhão com Cristo te oferece o dom do Espírito Santo – O poder do Verbo.

A manifestação do Verbo, mais uma vez é o ponto crucial da edificação espiritual. Aqui se faz necessário a comunhão entre a disciplina, o arrependimento e a fé. Logo, o arrependimento, como a disciplina é parte integrante da fé. E não só integrante, como também é gerado por esta. Pois dessa forma a graça e a remissão dos pecados foram pregadas pelos apóstolos e apresentadas ao pecador que ninguém pode receber a graça do evangelho pela fé, sem que volte atrás em sua vida extraviada, tome o caminho reto e se dedique com todo o empenho a refletir no verdadeiro arrependimento. O arrependimento procede da fé, não precede à ela: “Arrependi-vos, porque está próximo o reino dos céus”, assim exortam Jesus Cristo e João Batista.

O verdadeiro arrependimento não pode subsistir sem a fé. Em suma, arrependimento significa que nos retiramos de nós mesmos (o eu inferior) e nos convertemos a Deus (o Eu Superior), e, tendo abandonado a nossa primeira forma de pensar e de que querer, assumimos uma nova. Por isso, em minha opinião, podemos defini-lo apropriadamente desta maneira: O arrependimento é uma verdadeira conversão da nossa vida para servir a Deus e para seguir o caminho por Ele indicado. Procede de um legítimo temor de Deus, não fingido, e consiste na mortificação da nossa carne e do nosso velho homem, e na vivificação do Espírito.

Nesse sentido, devem ser tomadas todas as exortações dos profetas e dos apóstolos, pela quais eles admoestavam os homens do seu tempo concitando-os ao arrependimento. Porque desejavam levá-los ao ponto em que, estando confusos e envergonhados de seus pecados, e aflitos pelo temor do juízo de Deus, se humilhassem e se prostrassem diante da majestade divina por eles ofendida, e adentrassem o reto caminho. Portanto, quando eles falam em que o pecador deve converter-se e voltar ao Senhor, arrepender-se e comprovar na prática o seu arrependimento, eles sempre tendem para em mesmo fim. Tal como os apóstolos Paulo e João Batista dizem que é preciso produzir frutos dignos de arrependimento, entendendo que o pecador arrependido deve levar uma vida que mostre e testifique, em todas as suas ações, a pretendida mudança.


Carolina de Oliveira Scodeler.


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À morte,
Namastê.

3 comentários:

  1. Achei bem interessante seu post...
    Só não gostei da parte sobre "legítimo temor de Deus".....temor? medo?
    Será que entendi errado?
    Bom...depois agente conversa sobre isso.

    Beijão mor

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  2. Não, Rapha.
    Vou explicar: Quando eu falo de Deus no blog, eu me refiro ao Deus Interior, logo o "temor" representa o cuidado que você deve ter, para não trair o seu Íntimo, que representa aquilo que está acima do seu ego e no prícipio da sua Criação.

    "Temer trair o Deus dentro de você"
    "Temer não fazer aquilo que deseja do fundo da alma"
    "Temer trair os principios do seu Self"

    Tudo isso te afasta do Seu Deus.

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  3. saudações, neófita.

    gostei de seu blog.
    abraços
    Edivaldo J.(outro neófito)

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